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A onda de mistérios e mentiras

Calma! A gente tá falando sobre programas de TV. E sim, é uma verdade que a moda agora é colocar tramas investigativas, muita manipulação e mentiras na convivência dos participantes. The Traitors (Peacock/BBC), O Sabotador (Netflix), O Segredo de Um Milhão de Dólares (Netflix), todos estes são formatos que colocam pessoas desconhecidas para disputar um prêmio, até então um formato comum, mas com ferramentas de manipulação para que algum, ou alguns dos participantes, precise influenciar as pessoas, mentir e sair vencedor no final do programa.


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Mas você já parou para pensar "Por quê o público se atrai tanto pela mentira e pela manipulação"?


Estudos em psicologia social, como os de Jonathan Haidt sobre moralidade, sugerem que os humanos são atraídos por histórias que desafiam normas éticas, pois elas permitem mergulhar em dilemas morais sem consequências pessoais. O que isso significa? Que a gente consegue estar de fora e assistir a toda situação, opinar, trazer para sua realidade, sem que a gente faça parte da história. Já quem participa do programa pode ao final de toda experiência dizer "Era apenas um jogo e eu precisei quebrar as regras da moralidade, agora tudo volta ao normal".


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A simples audiência em reality shows e formatos com jogos de manipulação carregam ainda mais psicologia, como a teoria da dissonância cognitiva, formulada por Leon Festinger. Esta teoria descreve o mal estar psicológico que uma pessoa experimenta quando percebe uma ambiguidade entre seus pensamentos, atitudes e comportamentos. Essa dissonância motiva a pessoa a reduzir essa tensão, seja alterando suas atitudes, buscando informações que justifiquem seu comportamento, ou até mesmo alterando seu comportamento para alinhar-se com suas crenças.


A psicologia evolutiva aponta que o fascínio por manipulação vem de uma curiosidade antiga sobre táticas de sobrevivência em grupos. Robert Trivers, com sua teoria do altruísmo recíproco e da decepção evolutiva, defende que saber enganar trazia vantagens em contextos competitivos, desde que passasse despercebido. Reality shows como O Sabotador recriam essas situações, com participantes precisando balancear confiança e traição para se manter no jogo. Mesmo desaprovando a manipulação do ponto de vista ético, o público se encanta com a inteligência estratégica e a habilidade de dominar as regras do jogo.


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Filósofos como Thomas Hobbes e Friedrich Nietzsche ajudam a explicar o apelo de reality shows como The Traitors e O Sabotador. Hobbes, em sua ideia do “estado de natureza”, via o ser humano como egoísta, e esses programas recriam essa tensão entre cooperação e traição, fascinando o público ao expor a fragilidade da confiança. Já Nietzsche, com a “vontade de poder”, sugere que admiramos manipuladores carismáticos por sua habilidade de dominar o jogo, refletindo nossa curiosidade por estratégias de influência e controle.


Então, por que a gente não consegue desgrudar da tela vendo The Traitors ou O Segredo de Um Milhão de Dólares? É simples: esses programas são tipo um espelho da nossa própria bagunça humana! Eles misturam aquela curiosidade de fofoca sobre quem tá mentindo com a adrenalina de tentar descobrir o traidor antes do resto. A psicologia diz que a gente adora espiar essas tretas porque é como jogar detetive sem sair do sofá, enquanto filosofias antigas lembram que, no fundo, todos temos um lado que curte um jogo de poder ou uma traiçãozinha bem planejada. É quase um vício: a gente julga, torce, e se pega pensando “será que eu seria o mestre da manipulação ou o primeiro a cair?”. Que tal parar um segundo e se perguntar: o que você faria na mesa de votação?

 
 
 

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